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CAMPVS, um artista moldado pela intensidade sonora

O Hard Techno, nascido das franjas industriais da Europa no final dos anos 1990, surgiu como um grito de resistência urbana e uma resposta radical à evolução do Techno clássico. Originado em grande parte na Alemanha e em países do leste europeu, o gênero trouxe à tona uma estética sonora brutalista, marcada por BPMs acelerados, atmosferas densas e linhas de bateria quase militares. Mais do que um som, o Hard Techno se consolidou como um espaço cultural de contracultura, de afirmação identitária e até de escapismo coletivo — especialmente em regiões impactadas por crises políticas, desigualdades sociais e marginalização da juventude alternativa.

Hoje, esse subgênero vive um renascimento global, impulsionado por artistas que aliam técnica e narrativa a um senso estético muito apurado. É nesse contexto que emerge o nome de CAMPVS, artista brasileiro que, desde sua estreia nas pistas em 2022, vem demonstrando uma notável capacidade de evolução estética e técnica. Seu debut oficial como produtor, lançado recentemente nas plataformas digitais, não marca apenas uma nova fase: representa um ponto de maturação artística, onde a agressividade sonora do Hard Techno se encontra com uma proposta narrativa densa, intensa e pensada.

“Acho que a palavra é amadurecimento”, resume o artista ao refletir sobre sua jornada até aqui. No início, suas referências vinham de selos como KNTXT e Lenske, com uma pegada mais minimalista e BPMs moderados. Mas o tempo — e a vivência de pista — o levou a terrenos mais ásperos e velozes, onde Hard Techno e Schranz se tornaram parte natural de seu repertório sonoro.

O processo de construir uma identidade em meio ao caos

Na cena do Hard Techno, onde intensidade é regra, forjar uma identidade não é tarefa simples. CAMPVS, no entanto, trilhou um caminho autêntico: “Aprendi os fundamentos do techno com artistas mais minimalistas, e com o tempo, minha linguagem sonora foi ganhando corpo e peso. Nunca tive apego a tendências — fui onde minha sensibilidade me levou.”

CAMPVS posiciona sua obra como continuação e ruptura ao mesmo tempo. Sua linguagem musical se conecta a esse legado de subversão e liberdade criativa, dialogando diretamente com as novas demandas de pistas que clamam por intensidade, identidade e catarse.

Essa liberdade criativa encontrou eco em núcleos independentes de diversos países, com os quais o artista fez questão de se conectar. “Buscar essas trocas em polos mais desenvolvidos da cena foi crucial. A receptividade ao meu som me deu confiança, me fez sentir parte ativa da cultura eletrônica global”, comenta.

Estética como extensão do discurso artístico

CAMPVS é daqueles artistas que não se satisfazem com o som por si só — ele busca coesão entre o que se ouve e o que se vê. Acompanhando selos como Inherente Project, Exordio, Gestalt, Plur77 e a omnipresente HATE, ele encontra inspiração em projetos que alinham identidade visual e sonora com precisão quase cirúrgica. Entre seus artistas mais escutados estão nomes como Mental Crush, Shlømo, Klangkuenstler, Biia, Krl Mx e DOSTROIC — um painel sonoro que vai do melódico sombrio ao colapso rítmico do Schranz contemporâneo.

Técnica, estratégia e confiança: a base do projeto

A virada profissional começou com sua formação em discotecagem. CAMPVS destaca não apenas o aprendizado técnico como essencial, mas a forma estratégica de olhar para a carreira: “Foi fundamental entender a importância de planejamento, de saber onde se quer chegar.”

O ponto de inflexão emocional, no entanto, veio em um momento inesperado. “Estava do outro lado do mundo, ainda em dúvida se dava esse passo ou não. Meu primeiro contato com a Jamila me trouxe a segurança que eu precisava para tirar esse projeto do papel. Foi um divisor de águas.”

Hoje, ele aconselha quem está começando no Hard Techno a seguir um caminho de pesquisa, disciplina e, sobretudo, coerência. “Não acho que tenho bagagem pra aconselhar ninguém — inclusive, queria conselhos [risos] — mas o que nunca muda é o compromisso com o estudo, com a estética e com a entrega.”

Technosticimos: a estreia oficial e o manifesto sonoro

Seu primeiro lançamento oficial, a faixa Technosticimos, é um manifesto. Inspirado por filmes, histórias e reflexões, CAMPVS constrói suas faixas a partir de insights sinestésicos, tentando despertar o ouvinte por meio dos sentidos. “Essa faixa representa minha visão sobre arte: provocar, ativar, mexer com o ser humano além da pista.”

No estúdio, seu processo criativo começa pela ambiência. “Gosto de criar uma atmosfera densa, com certo suspense. A partir daí, os elementos surgem de maneira quase visual — sigo uma paleta sonora como se fosse uma cartela de cores.”

O que vem pela frente

CAMPVS promete um 2025 intenso. Um novo EP já está em fase final de produção e há colaborações com outros artistas da cena em andamento. “Vocês podem esperar texturas, intensidade e muita energia”, avisa.

Sua trajetória pode ser recente, mas a solidez do projeto já aponta para longevidade. CAMPVS é mais do que uma promessa do Hard Techno: é a prova de que sensibilidade artística, estudo histórico e consciência cultural ainda são o que definem os grandes nomes da música eletrônica mundial.

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